quinta-feira, 22 de abril de 2010

Maria de Lourdes

- I -
De tanto que fiz
Ainda não percebi
Que nada fiz, e como se diz:
Me arrependi

Sentei gelado
Com olhos brancos
Num piso armado
Num poço, um espanto

Sem tempo e estrutura
Sou aquilo que sente
A falta da vida, vida dura

De uma senhora doente
E morro por morrer de saudades
Daquela que se vai, não de repente

- II -


Dorme agora
Não consigo dormir
Não posso me repetir
Em minhas memórias

Dorme agora
Junto aos teus santos
Ora, esses são tantos
Em tuas histórias

Dorme agora - sorria!
Não direi mais que lamento
Pois finda aqui o sofrimento
Em nossas alegrias

Antonio Carlos Vilela

terça-feira, 13 de abril de 2010

Vulcano

Ver-se aguado

Banhado em vinho
Ou leite derramado
Ver-se sozinho

Tê-la por perto
Na idéia, na marra
Num gole de afeto
Tê-la na farra

Amo-me e condeno
Meus pensamentos
E quando sereno
Amo-me em Vênus

Imagino-te curta
Numa manta fininha
Que cobre uma puta
Imagino-te minha

Antonio Carlos Vilela