segunda-feira, 12 de abril de 2010

À Mureta de Um Sonho

Acendo um cigarro; Um homem de aparência dividida entre cômica e cansada se aproxima. Nitidamente nem um pouco desinteressado em meus assuntos banais, ele ataca:

-Você me parece rebelde
-Pareço? Apenas por ser fumante?
-Sim... exatamente.
-Pois lhe digo que tem um rosto cansado e com certeza já fumou. Você parou?
-Parei, sim. Por que você também não pára? Faça como eu.
-Pessoas mudam de idéia todos os dias.
-Então prefere morrer desta forma?
-Estamos num sonho, como saberei que já não é morto?

Inesperadamente o homem se apresenta com um nome de difícil pronúncia e se diz argentino. Aperta minha mão, me dá um abraço necessário e apresenta os pais:-Você acaba de conversar comigo na presença de meus pais. Esta é minha mãe - aponta para um homem de terno e gravata - e este é meu pai - abraça desajeitado um rapaz aparentemente à flor da juventude adulta. Eles somem do cenário parcialmente caótico e não me esqueço de dar o último trago e voltar a observar o prédio à frente que tornava-se preto sobre um verde muito claro, possuído pelo fogo.

Antonio Carlos Vilela

1 comentários:

Raysa Marques disse...

Foda cara.

Postar um comentário